sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
O ?im do mundo
quarta-feira, 16 de março de 2011
Grandiosidade
Por: Tiago Santos
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
A Massa que amassa
feita para as massas
e feita de massa doente
que amassa a massa cinzenta,
que entorpece e entope
os carris do bom senso.
A massa que a labreguice amassou,
alimenta e adoece
aqueles a quem a luz não ilumina
porque para eles,
não há nada para iluminar!
Trava-se a batalha entre a canalha
e as malhas do dinheiro salgado
que quem bebe, mais quer beber
e mais quer amassar!
Sujas de massa,
as massas javardam sofregamente
na massa que comem
porque o outro come,
ao som da dança
que o outro dança
e porque o outro dança.
Nas massas, assim funciona:
Rodas dentadas que se movem
Encadeadas num contínuo
movimento centrífugo,
que não geme ao som da vergonha.
Que vergonha!
Por: Tiago Santos
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Boas festas!
Lá fora, zombies sorridentes atropelam-se nas ruas iluminadas pela Câmara “Unicipal”: um Hospital de prioridades infectadas por um cancro que gargalha, tal criança que assiste à miséria do palhaço pobre no Indignalli Circus! Entre queixumes, discórdias e etiquetas, a calçada vai escutando os alegres gemidos dos que São Nicolau cegou, com a negra poeira das chaminés da inocência. Embriagado pela beleza sazonal, fundo-me com a multidão e preparo-me para a orgia de sorrisos e abraços que brevemente me espera e a qual aceito, com uma paradoxal vontade genuína de quem desiludido, não quer desiludir! O relógio das tarefas não pára e o ponteiro dos segundos, estimula-me a locomoção num compasso acelerado, orquestrado por um Maestro cuja sanidade ficou algures perdida pelos caminhos da rotina. Ele não escuta, apenas comanda! Louco, alucinado, num frenesim de esbracejares apressados que o despenteiam, em plena harmonia com o olhar esbugalhado e sorriso tresloucado.
Aplausos!
Por: Tiago Santos
terça-feira, 9 de março de 2010
A Viagem
De frente para mim, a tecnologia encarrega-se de estabelecer contacto entre uma virgem larva e um outro ser que apesar de não presente, se torna bastante óbvio. Provavelmente um espécime simétrico do sexo oposto, é o responsável pelo frenesim que os polegares da pequena jovem evidenciam.
Encontro-me num dos poucos sítios que deixa a descoberto ambas as faces de cada pessoa. Máscaras reveladas pelo simples reflexo de uma janela que acolhe olhares indiscretos, rapidamente afuguentados quando cruzados com o nosso, lembrando rãs à tona de um lago, sobressaltadas pela presença de um qualquer predador.
A lagarta parou. Abriu as portas e gemeu. É a minha estação, tenho de sair.
por: Tiago Santos
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Já não há barbeiros...
Já não há barbeiros
Nem cadeiras de barbeiro,
Onde nos possamos sentar
E olhar, o olhar do nosso olhar
Reflectido no espelho
Da cadeira do barbeiro,
Onde rasam tesouras rente às orelhas,
Enquanto nos sentamos
Na cadeira do barbeiro,
E pensamos em tudo e em tudo
Porque temos tempo para pensar
Para reflectir e analisar
Quando estamos sentados
Na cadeira do barbeiro,
Sem outro remédio senão
Fitarmo-nos continuamente
E ver quem fomos, quem somos
E quem viremos a ser
Num mundo onde já não há
Cadeiras de barbeiro.
Por: Tiago Santos
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Breve conto
O gajo não vacilou. Sem a ajuda das mãos, subiu para a proa do barco e fitou a superfície espelhada daquele que seria o mais atraente dos mares onde já havia mergulhado. A sua cor azul-cobalto e a graciosidade da ondulação, sussurravam o seu nome e sorriam-lhe em gestos lentos e subtis, enquanto ele inspirava aquela brisa de um perfume tão perfeito, que sempre lhe fora proibido. O sol de verão acariciava o oceano em reflexos tão fortes, que impediam qualquer tipo de percepção visual abaixo da linha d’água, transformando assim o tão apetecido mergulho, num risco que tanto tinha de perigoso, como de misterioso e, por sua vez irrecusável. Apeteceu-lhe prolongar aquele momento durante duas eternidades, sentiu que o podia saborear por tempo indefinido, sem sentir o mais ínfimo dos enjoos ou a mais pequena das tonturas. Fazia agora 6 anos que ele se tinha apaixonado por todo aquele esplendor, todavia sem o poder tocar ou sequer cheirar, não era a altura e as consequências seriam drásticas, por motivos agora irrelevantes.
Flectiu as pernas e num impulso “catapultónico”, elevou-se durante milésimos de segundos no ar... Conseguiu sentir aquela húmida e amena massa oceânica percorrer todo o seu corpo, desde a ponta dos dedos, até ao último milímetro dos dedos dos pés, fundindo-se assim a um prazer sublime, que superava agora todas as suas expectativas. Era sem qualquer surpresa, melhor do que imaginara, aquela sensação da qual nunca tinha pensado poder vir a desfrutar. Descurou no entanto, a visibilidade que a luz do sol lhe havia negado anteriormente…
Por: Tiago Santos